O choro é uma das primeiras formas de comunicação do bebê com o mundo. Para os pais, principalmente os de primeira viagem, pode ser angustiante ouvir o filho chorar sem saber o motivo. Mas sabia que o choro tem uma função biológica, emocional e até social muito importante no desenvolvimento infantil?
Neste post, vamos te mostrar a ciência por trás do choro, os tipos de choro, por que os bebês choram tanto, o que cada fase do choro pode significar, e como você pode lidar com isso de forma mais leve e acolhedora — tudo com base em estudos e neurociência.
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Por que o choro é tão importante no início da vida?
O choro é o primeiro grito de vida de um recém-nascido — e também sua principal forma de expressão nos primeiros meses. Quando o bebê chora, ele não está fazendo manha. Ele está se comunicando, pedindo ajuda, dizendo que algo não está bem, ou apenas expressando desconforto.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o choro faz parte do desenvolvimento neurológico normal do bebê e ajuda a:
- Estimular os pulmões (nos primeiros minutos de vida)
- Chamar atenção dos cuidadores
- Regular os próprios sentimentos
- Liberar tensão emocional
- Desenvolver vínculo com a mãe ou cuidador
Um bebê não chora à toa — ele está tentando dizer algo, mesmo sem palavras.
O que a ciência diz sobre o choro do bebê?
Pesquisas em neurociência e desenvolvimento infantil mostram que o choro ativa regiões importantes do cérebro, como:
- O hipotálamo (que regula o estresse e desconforto)
- A amígdala cerebral (relacionada ao medo e emoções intensas)
- O córtex pré-frontal (ainda em desenvolvimento nos bebês)
Ou seja: quando o bebê chora, ele está reagindo a um estímulo real — seja fome, sono, dor, frio, calor ou necessidade de colo.
O que mais impressiona é que o choro também ativa o cérebro da mãe ou do cuidador, despertando um estado de alerta e empatia. Um estudo da Harvard Medical School mostrou que o som do choro do bebê ativa áreas do cérebro materno relacionadas ao cuidado e proteção, como se fosse um alarme biológico natural.
Tipos de choro: como identificar?
Com o tempo e a convivência, os pais passam a perceber diferenças no choro do bebê. A ciência apoia isso! Pesquisadores da Universidade de Durham identificaram que há diferenças sutis na entonação, ritmo e intensidade do choro, que ajudam a identificar o motivo.
Veja os tipos mais comuns:
- Choro de fome: rítmico, forte, vai aumentando com o tempo
- Choro de sono: manhoso, alterna com bocejos ou esfregar os olhos
- Choro de dor: agudo, estridente e repentino
- Choro de desconforto (fralda suja, calor, frio): mais irritado e impaciente
- Choro de necessidade emocional (colo, segurança): acompanhado de braços abertos, busca visual
Saber identificar esses sinais ajuda a agir com mais confiança — e a evitar frustrações.
Existe excesso de choro?
Bebês choram muito, especialmente entre o 15º dia e o 3º mês de vida. Esse período é conhecido como “pico do choro” e é considerado normal.
Segundo o pediatra Harvey Karp, autor do livro O Bebê Mais Feliz do Pedaço, um bebê saudável pode chorar até 2 a 3 horas por dia nessa fase.
Contudo, se o choro for:
- Muito agudo
- Prolongado demais
- Acompanhado de sintomas físicos (vômitos, febre, recusa de alimento)
… é importante procurar o pediatra para descartar cólicas severas, refluxo ou outros desconfortos.
Como acalmar o choro do bebê?
Aqui vão algumas estratégias baseadas na neurociência do desenvolvimento e no vínculo seguro:
1. Contato pele a pele
O calor do corpo, batimento cardíaco e cheiro da mãe/pai ajudam a acalmar o bebê rapidamente.
2. Som branco ou ruído contínuo
O barulho do útero (grave e constante) pode ser simulado com secador, ventilador, aplicativos de som branco.
3. Embrulhar em cueiros (técnica do charutinho)
Ajuda o bebê a se sentir contido, como no útero — promovendo segurança.
4. Balanço suave
Reproduz os movimentos da gestação e tranquiliza.
5. Amamentação em livre demanda
A amamentação acalma não só a fome, mas também regula as emoções e libera ocitocina, o hormônio do bem-estar.
Importante: acolher o choro não estraga o bebê. Muito pelo contrário: aumenta o vínculo, reduz o estresse e contribui para o desenvolvimento saudável do cérebro.
Choro e desenvolvimento emocional
Segundo a psicóloga e pesquisadora Aletha Solter, fundadora da abordagem Parenting with Awareness, quando o bebê é acolhido em seu choro, ele desenvolve:
- Segurança emocional
- Capacidade de se autorregular no futuro
- Menor propensão a ansiedade e birras extremas
Já deixar o bebê chorando sozinho frequentemente pode ativar o sistema de estresse (eixo HPA) de forma crônica, afetando o sono, o apetite e o comportamento no longo prazo.
E quando a criança maior chora?
O choro continua sendo importante após o primeiro ano de vida. Crianças pequenas usam o choro para:
- Lidar com frustrações
- Chamar atenção
- Expressar sentimentos que ainda não sabem nomear
Nessas fases, o choro pode vir acompanhado de manhas e birras. Mas isso não é “manipulação” — é imaturidade emocional.
Dica de ouro: nomeie o sentimento da criança (“você está bravo porque o brinquedo quebrou?”) e acolha com firmeza e afeto.
Conclusão: Chorar é saudável e essencial
O choro faz parte do desenvolvimento e é uma ferramenta poderosa de comunicação e regulação emocional. Entender a ciência por trás dele ajuda mães e pais a lidar com mais empatia e menos culpa.
Acolher o choro não é sinal de fraqueza — é sinal de conexão. E um bebê que chora e é atendido, cresce com mais segurança, autonomia e autoestima.